Muitos filmes me impressionaram e ficarão, espero, guardados em minha memória enquanto estiver por aqui, mas Matrix tem uma relevância e uma atualidade que me fazem lembrar dele muito frequentemente. Encontro essa s a c u d i d a em alguns quadrinhos publicados diariamente no jornal. Um deles é "A cabeça é a ilha", nos chamando a atenção, com graça, para que vida é essa que estamos levando, que não é nossa, em que entramos numa gravitacional espantosa quando de frente ao espelho do real.
Coisas que afetam nossa vida cotidiana, sentimentos, sensações, pensamentos, filosofia, partilhar tudo isso
sábado, 17 de novembro de 2012
Um viva ao humor inteligente!
Muitos filmes me impressionaram e ficarão, espero, guardados em minha memória enquanto estiver por aqui, mas Matrix tem uma relevância e uma atualidade que me fazem lembrar dele muito frequentemente. Encontro essa s a c u d i d a em alguns quadrinhos publicados diariamente no jornal. Um deles é "A cabeça é a ilha", nos chamando a atenção, com graça, para que vida é essa que estamos levando, que não é nossa, em que entramos numa gravitacional espantosa quando de frente ao espelho do real.
terça-feira, 6 de novembro de 2012
Gracinda Rosa: “A leitura, para mim, é uma atividade essencial, que faz parte integrante da minha vida"
Gracinda em recente passeio ao Parque Nacional de Teresópolis |
A primeira vez que fui à casa de
Gracinda fiquei estarrecida. Nem acho que sou de me impressionar fácil, mas conhecê-la mais intimamente foi uma
experiência e tanto. Na ocasião, há mais de um ano, fiz o poeminha que segue ao
final da entrevista para ilustrar um pouco desse meu sentimento.
Gracinda,
que já leu a astronômica quantidade de 1.510 livros, lança seu novo livro dia 6
de dezembro e ainda em novembro será vovó. Espero que gostem da entrevista que
ela gentilmente concedeu ao meu Blog.
ENTREVISTA
Gracinda em uma de suas famosas dinâmicas |
Um passarinho me
contou que você está para lançar um livro de memórias. Essas
memórias estavam todas "anotadas" ou é de 'cabeça"? Como
era a menina Gracinda, sua infância ?
Gracinda: O passarinho estava certo: acabo
de editar um livro de memórias. Como elas se limitam à fase da infância, época
em que ainda não anotava as ocorrências de minha vida, ele se baseia
exclusivamente nas recordações que guardo daqueles primeiros anos. Retrata,
sim, a menina Gracinda, que era bem esquisitinha, introvertida, mas observadora,
sempre refletindo sobre o que se passava à sua volta. Era estudiosa, gostava de
ler, costurar, fazer tricô. Ouvia rádio, brincava com os três irmãos. Sonhava.
Você é famosa por
sempre organizar atividades lúdicas nas várias reuniões que promove e
participa. No lançamento do seu novo livro haverá dinâmicas? O que você
está preparando para nós, quando e onde?
Gracinda: O lançamento do meu livro, no dia
6 de dezembro, será na Biblioteca Pública de Niterói e nele não faltará uma
dinâmica. Mas creio que deveremos esperar o dia para ver.
Seu novo livro tem o
poético nome Olhando para trás e vai até sua entrada na escola
normal, não é isso? A sequência está no forno? Quais são seus projetos futuros?
Gracinda: Sim. "Olhando para trás"
abrange lembranças de minha vida até a conclusão do curso ginasial. A sequência
será minha formação e atuação como professora, em livro intitulado "Fui
professora", que pretendo concluir no próximo ano.
Uma de suas sabidas
qualidades é a organização. Você toma nota de tudo em seus muitos cadernos,
como inclusive relatou recentemente em uma palestra na ANL, à qual tive a honra
de assistir. Desde que você começou a tomar notas, quantos livros você já leu
até hoje e o que representa a leitura para você?
Gracinda: Comecei
a registrar os acontecimentos de minha vida em 1950, quando completei 17 anos.
Em avaliação geral, creio que já li aproximadamente 1.510 livros, desde que meu
pai comprou a coleção do Tesouro da Juventude. A leitura, para mim, é uma
atividade essencial, que faz parte integrante da minha vida. No meu modo de
sentir, a única coisa que pode substituir o prazer da leitura são as
viagens que, na verdade, proporcionam uma outra forma de leitura.
Sua participação
no Clube de Leitura Icaraí é relativamente recente em relação à sua experiência
com a leitura. Uns três anos, talvez? Que diferenças você vê entre ler um livro
sozinha e fazê-lo num grupo com posterior debate?
Gracinda: Ingressei no Clube de Leitura no
dia 27/02/09. Já se passaram mais de três anos. Gosto de acompanhar a troca de
ideias dos componentes do grupo, mas sou mais voltada para a leitura
individual, talvez por ter uma fraca formação literária, preferindo comentar o
que li apenas com os meus botões, sem buscar explicações para o fato de ter
gostado ou não de um livro, sem ter que interpretar o que o autor quis dizer,
etc.
Saindo um pouco da
Gracinda escritora e avançando no campo familiar, conta pra gente como você
está vivenciando a experiência de ser avó, pela primeira vez, aos 79 anos? Será
que vai dar um novo livro?
Gracinda: Ser avó, mesmo em idade tão
avançada, quando já poderia ser bisavó, é um momento lindo em minha vida. Vivi
grande parte dos meus dias cercada de crianças, por ter sido alfabetizadora, e
tive muitos sobrinhos e sobrinhos-netos que me trouxeram muitas alegrias.
Espero a Leticia com muito carinho.
Quem é Gracinda Rosa: professora,
jornalista, mestre em educação pela UFF, membro da Associação Niteroiense de
Escritores (ANE), Academia Niteroiense de Letras (ANL) e Escritores ao Ar
Livro, moradora da mesma casa, em Icaraí, há mais de 50 anos.
Livros publicados: “Pequenos Amores”, 2005, contos;
“Cabine Individual”, 2007, romance; “Olhando para trás”, 2012 (memórias)
Gracinda comemorando o Dia do Poeta |
GRAÇA EM FLOR
Conheci alguém que me
impressionou
e não por uma coisa só.
um conjunto de saberes e
dizeres e fazeres
que só mesmo se conheceres
saberá.
Te conto um pouco, para
imaginares
Conheci uma senhorinha de
quase 80
que em casa não se apóia em
coisa alguma
é completa dona de si, do
tempo e do lugar
a memória não falha e na
fala ela avança segura
com a eloquência dos 20
Não me contou de novela ou
do preço do feijão
não me reclamou dores ou
mazelas da idade
não se gabou de sua
experiência nem me quis ensinar nada
Já está surpreso? Também eu,
mas era ainda pouco.
Aprendi muito mais
Sua vida ela registra com
uma organização invejável,
o que faz diariamente, como
está o tempo
quem ligou ou apareceu, o
e-mail que recebeu
a reunião da qual
participou, o que houve de especial
a que horas se deita, tudo
lá está
E no armário tudo certinho,
um livro após o outro
em fileiras a desfilar
pelo arquivo de seu coração
assinalando essa vida vivida
com um gosto
que é o bom gosto do quero
mais
Há ainda os livros, de que
te falo agora
para repensares em boa hora
são centenas, são milhares
perfilados
corredor, quarto, escritório
onde se vá a respirar
Suas leituras e releituras
de um sempre
onde se nota a importância
gigante de Alexandre
só mesmo ele para, com a
continuidade do amor,
interromper essa paixão e
crescer
com a dedicação de mãe
Conheci uma senhorinha de
quase 80
que dispensa empregadas e dá
conta de tudo
faz comida, e que comida,
vai a banco, navega na
internet
e tem o dia curto para o
tanto a cumprir
Seu nome, um ardil para o
ciúme materno
que a madrinha de guerra de
seu pai despertou
homenageou sua tia, que
graça, não podia ter-lhe caído melhor
tem mesmo o dom de agradar:
Gracinda Rosa
Escreve ainda quatro livros
essa senhorinha, imaginas?
e continua lendo, mais de 70
ao ano
e soma amizades como quem
toma sorvete.
Tive a sorte de estar por
aí, passando em seu caminho,
um beijo estalado minha
querida.
Gracinda e eu em uma das reuniões do CLIc |
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