domingo, 15 de setembro de 2013

Angústia, de Graciliano Ramos

Não provou meu corpo o sabor do mel
atiçou apenas a vida
ferveu meu sangue
e conteve a ebulição.

Prometi o certo
dei o que não tinha
mas foi tudo em vão.

Antes não conhecer amor assim
doente te espiava
seguia a ele
dormir não podia mais
eu, inquieto, só te queria

O algoz do meu peito
traía a ti, Marina minha
sem dó
e tu embuchada
nenhum anel a ornar a mão.

Foi quando seu Ivo me trouxe a corda
“Acorda meu bruto”
briga de monstros
‘despacifico’
a angústia me estrangula
enforco a ditadura do direito
mato o Julião
e agora me sobra a culpa
o medo de vir à tona
verdade sem redenção

Ah Marina, você foi meu fel.