Essa frase-título sempre interpretei com asco, mas eis que,
não tendo compromisso com o erro, pelo menos não com o mesmo, passei a vê-la de
forma até simpática. E pensei, num momento de devaneio poético, se não poderia
ter advindo daí a expressão que depois foi usada tão vilã e preconceituosamente
como mais uma forma de segregação, de apartheid ideológico, tal como ocorreu
com Santos Dumont, que não previu o uso bélico dos aviões.
Me explico: diz a definição no Aurélio, segundo informado na
coluna de hoje (27/04/2013) de José Castello que “Branco diz-se da impressão
produzida no órgão visual pelos raios da luz não decomposta” e interpreta
Castello: “o branco fala, portanto, da mistura intensa, dos mundos
inseparáveis, da coabitação de contrários que designam,em resumo, a alma
humana”.
Em sua coluna, José Castello não trata da questão racial, mas foi logo
o que me veio à mente porque essa matéria é ainda tão doída e doidamente
presente entre nós. Por coincidência, se é que isso existe, essa semana assisti
a um filme em DVD emprestado por uma amiga, “Escritores da liberdade”, tratando
de uma escola modelo americana que tinha sido obrigada a abrigar turmas de
integração. Ou seja, na mesma classe coexistiam latinos, negros, asiáticos e
todas as demais classificações estapafúrdias que os americanos fazem de seu
povo. Para a sorte da turma, pegaram uma professora novata cheia de sonhos e
ideais que deveriam, verdadeiramente, ter movido o programa educacional, ao invés
de interesses políticos e eleitoreiros, mas isso já é outro tema.
A cor da alma, a cor da pele, que importa isso se somos
todos humanos? O branco como multicolor,
como inclusivo, como o abraçaço do Caetano, isso sim me interessa.
Para acabar com poesia, curtam a beleza dessa música.