domingo, 6 de fevereiro de 2011

A verdadeira viagem

Uma crônica da Martha Medeiros na qual ela acha hilariante um livro que conta uma viagem à Índia me incentivou a comprar “Eu, minha (quase) namorada e o guru dela”. Os primeiros capítulos são realmente muito engraçados, mas depois a narrativa vai ficando estranha. De qualquer forma me fez refletir sobre o significado de uma viagem dessas.

No livro, o protagonista, estudante inglês classe média que está em ano sabático, acha que precisa provar que é capaz de viver 3 meses na Índia. Ele considera uma vergonha voltar antes disso, uma prova de fracasso, humilhação. A ‘quase’ namorada que o convence a ir é ainda pior. A hipocrisia é o ar que ela respira, mas ela não se dá conta. Vai aderindo de forma absolutamente artificial aos costumes e à cultura, e quando volta a Londres, parece que tudo não passou de um sonho, ou um pesadelo.

Acho que antes de ir à Índia, deveríamos fazer uma viagem ao nosso interior. E buscar um auto-conhecimento que transcende à quantia de dinheiro ou bens que tem uma pessoa, que transcende a seu status, seu grau de instrução, sua cor de pele, seu gênero, suas crenças. No mais, toda viagem enriquece, os olhos, a mente, a alma. Depende do que já sabemos sobre nós e do quanto ainda temos a aprender. A Índia, o Haiti e tantos lugares mais são aqui.

Um comentário:

  1. Bonito post. Mas para 101% das pessoas, a viagem interior é sempre a mais difícil. Poucos tentam; a maioria nem pensa nisso ou foge disso como o Serra da bolinha de papel (hehehe...). A viagem ao nosso interior revela mais misérias do que a Índia, mais "vudus" do que o Haiti. É como encarar a montanha russa com vários loopings: quantos têm coragem? A viagem interior vira você de ponta cabeça, pode embrulhar o estômago e por mais que abra os olhos, você só vê à sua frente abismos e vertigens. O que (quase) ninguém percebe é que depois dessa viagem você não é mais o mesmo: venceu seus medos - e são os medos que nos atravancam nessa vida. Medo de viver, medo de amar, medo de perder, medo de chorar. Tem gente que tem medo até de vencer, de ganhar, de ser feliz. Viajar pelo mundo é ótimo, mas é preciso coragem para olhar para dentro e não ter vergonha, nem medo, nem porcaria de limitação alguma para admitir nossas falhas, nossas fraquezas, entender um pouquinho o porquê delas existirem, perdoar-nos profundamente (oh, não somos perfeitos!!! e ninguém precisa ser!!!) e amarmo-nos com todos os nossos defeitos. Fazendo isso, poderemos fazer brilhar todas as nossas qualidades, que deixam de ficar aprisionadas pela culpa. Essa "viagem" é demais!

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