Comme d´habitude

Hoje quero escrever pro meu tio, e pra você também, se tiver dificuldade em sair da rotina. Essa nossa companheira diária, que nos dá uma sensação de segurança, domínio da situação, conforto. Ora, a rotina, falem mal, mas falem de mim, quer dizer, falem dela, deixa eu.

A rotina tem muitas vantagens. A gente sabe o que esperar, não há surpresas, você fica no seu canto, dono do pedaço, e sai repetindo hábitos, comportamentos, tudo como ontem, tudo como amanhã.

Há quem abomine essa mecânica repetitiva e vá pelo exato oposto, caindo na mesma armadilha. A necessidade de mudar sempre, reinventar-se a cada dia, também é um ramerrame, menos óbvio, mas é, mostra outra fraqueza que é não saber conviver com o pré-estabelecido, com o comum, que também pode ser tão especial.

É claro que você já ouviu falar mil vezes que o equilíbrio que é legal, nem tanto ao mar, nem tanto à terra, e eu não vou ficar martelando nesta tecla desgastada. Só queria falar pro meu tio que eu fui procurar na santa internet, pai e mãe dos humanos perdidos como eu, um aquecedor de água portátil pra dar de presente junto com um nescafé e uns saquinhos de açúcar em sache pra ele poder tomar um cafezinho a uma da madrugada no hotel portenho sem serviço de quarto. Achei, mas só em Sampa, então não dá tempo de chegar antes de sua viagem. Peninha, ou não. Queria que meu tio pudesse ver isso como uma oportunidade de experimentar novidades, o que faz muito bem à alma. Mesmo que a princípio pareça uma privação, observe como seu cérebro responderá a esse desafio. Dê a ele um gole de uísque no lugar ou chupe uma bala de café. Experimente tio, e depois me conte. Bon Voyage!