Ah, os japoneses, de novo eles! Confesso meu amor por esse povo que demonstra o que é ser humano com tanta simplicidade e pouca propaganda. Se vocês não tiveram a oportunidade de ler a coluna da Martha Medeiros de domingo passado, recomendo vivamente (escaneei para vocês). Ela conta que 200 profissionais aposentados, engenheiros em maioria, se prontificaram a trabalhar nas usinas de Fukushima em lugar dos que foram chamados pelo governo, cientes de que, em um prazo aproximado de 20 anos, contrairão câncer. Fizeram as contas expectativa de vida x morte por câncer e decidiram que não tinha porque deixar os mais jovens perderem anos de sua existência.
A equação é simples, a decisão e o espírito de coletividade que a norteiam não. Fica mais um lindo exemplo desse povo que, apesar de sofrer as piores mazelas naturais, não só não esmorecem nem se vitimizam, como agem rápida, eficiente e organizadamente, além de serem criativos em suas propostas e demonstrar enorme respeito ao próximo. Enquanto isso, aqui:
- quando passo pela Alameda e vejo a agora terminada obra que durou desde as chuvas de abril passado (posso me enganar no mês, mas seguramente tem mais de um ano)...
- quando minhas filhas leem diariamente a placa da prefeitura de Maricá anunciando há meses uma obra de reconstrução de uma ponte que não começa nunca...
- quando vejo no jornal a fúria de Núbia Cozzolino para com a população de Magé, esfolada até não poder mais...
- quando penso nos prefeitos de Teresópolis e Friburgo e no desvio das verbas públicas para reconstrução das cidades...
- quando recebo dossiês retratando muito, muito mais que as viagens de Cabral com helicópteros e jatinhos de empresários fornecedores de serviços e produtos...
Enfim, quando me deparo com todos os péssimos exemplos que a administração pública nos dá, sem esquecer dos inúmeros de nós que ratificam a “Lei de Gerson” no dia a dia e não estão nem aí para os demais cidadãos, ah os japoneses, que faltam que me fazem. Saionará.
Se o acidente nuclear tivesse sido no Brasil, eu sugeriria uma solução diferente dessa dada pelos idosos japoneses. Eu mandaria para se expor à radiação... os políticos! E se fosse nos EUA, os... padres pedófilos!
ResponderExcluirEu vi na TV a reportagem que fizeram com os aposentados, muito dignos relatando as nobres razões do trabalho voluntário. Aqui, não dá para pensar nisso por todas as razões que você já expôs.
ResponderExcluirRose Timpone
Rita, que maravilha seu belo texto. Só posso dizer que assino em baixo, inclusive na revolta contra tudo o que acontece sem que nós, cidadãos, tomemos alguma atitude real que possa mudar o Status Quo. Um abraço.
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