segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Quem faria o teste do bafômetro?


 
Luciano Huck não quis fazer o teste do bafômetro. Saiu em toda a mídia. Eu não me conformo com esse tipo de divulgação, embora entenda perfeitamente. Primeiro usam-se os artistas, garotos-propaganda e figuras populares para vender jornal ou, mais recentemente, acessos à internet. Depois, e em minha opinião o mais grave, querem continuar nos vendendo a imagem de pessoas perfeitas, os bonzinhos em tudo, carismáticos, propagadores do bem, exemplos de cidadania, de vida conjugal, de beleza, qualquer coisa.

Somos humanos, ou seja, passíveis de errar, e como abusamos dessa nossa faculdade! 
Errar, quando nada tão grave e que possa nos levar a uma nova compreensão e à adoção de atitudes melhores, é até positivo. Faz parte da nossa natureza, mas às vezes acho mesmo é que não somos humanos, no sentido de que não mostramos piedade, indulgência ou compreensão para com outras pessoas. Isso é raro, muito raro.

Deveríamos estar mais voltados a viver e a viver melhor a nossa própria vida, investir em nossa felicidade e crescimento. Também por isso a mim me interessa a leitura, livros que nos fazem pensar e refletir sobre comportamentos e motivações. 

Uma ótima dica é o livro O Coração Informado, de Bruno Bettelheim, que tive a satisfação de ganhar de presente de amigo oculto no ano passado. O livro traz testemunhos do autor, psicólogo que sobreviveu ao campo de concentração nazista. Sem ar professoral, Bruno nos leva a uma revisão de conceitos muito bacana. E deixem o Luciano Huck pra lá.


3 comentários:

  1. Já li! Ótima dica! Aprendi e refleti muito com este livro. Em linguagem clara e acessível a quem não é do campo da psicologia o livro, publicado em 1988, é sempre atual por tratar do comportamento humano e psicossocial. Aprendemos muito sobre nós mesmos e o mundo em que vivemos.

    ResponderExcluir
  2. Acho que tem duas coisas aí: 1) a massa, o povão, a população em geral é deseducada continuamente sobre a natureza humana e é levada a crer em "heróis" perfeitos, a começar pela ideia de um deus perfeito (ah, sábios gregos da Antiguidade e seus deuses mais humanos!). Manipula-se assim o Bem e o Mal, de modo a "levar a boiada" ao lugar que desejam. Novelas estão aí para isso: heróis bondosos e honestos acima de tudo X vilões malvados inescrupulosos. E transportam a ficção para a vida real, estão aí as revistas Caras da vida e a mídia em geral para endeusar os artistas - oh, figuras tão sublimes e impolutas aptas a opinar sobre TUDO, inclusive sobre realidades sociais e econômicas que objetivamente ignoram, desconhecem, jamais pararam 1 segundo para se informar e refletir, incluindo aqui usinas no meio da Amazônia. E aqui entra o 2) quando essas "celebridades" (célebres pelo quê, exatamente?) são flagradas em erro, daqueles que se supõe que tais almas perfeitas, acima de tudo éticas, jamais cometeriam. Não se trata, portanto, de cobrar da pessoa Luciano Huck que seja perfeita, que não erre. É o contrário: trata-se de cobrar que ele, como tantos outros, parem de nos vender um peixe que não têm para entregar: o da perfeição. Um peixe que, aliás, ninguém tem para entregar. Isso não é pecado. O pecado é vendê-lo para o povão comprar, pois assim lucram mais. O cidadão Huck tem todo o direito de não soprar o bafômetro se acha que não deve. Inclusive a lei está ao lado dele (ninguém pode ser obrigado a produzir prova contra si). Só não tem o direito de se fazer parecer mais "bom moço" do que os demais mortais. Se a hipocrisia e os falsos símbolos fossem destruídos, o mundo seria mais feliz.

    ResponderExcluir
  3. Apoiadíssimo Newton, voce disse tudo caro amigo. O povo sempre em busca de heróis, já dizia o Brecht que infeliz do povo que precisa de heróis. lembrei do ditado "faça o que digo e nao o que faço".

    ResponderExcluir