Terminei esta semana “Caminhos
invisíveis”. Crônica não é meu gênero preferido, mas ler Carlos Rosa foi
realmente um prazer. Leves, naturais, por vezes críticas, nostálgicas ou
engraçadas; suas crônicas são, acima de tudo, humanas.
Procurarei
meus caminhos invisíveis e eles me levarão a lugares que conheço, mas onde
nunca estive.” Pág. 21
Em muita páginas, para meu deleite,
encontrei poesia e lirismo, romantismo, aventura, belezas naturais,
reconhecimento, indignação, saudade, medo, inocência.
“... lá no
alto do campanário, o sino original. Quase pedi que o fizesse bater. Seria como
ouvir o tempo.” Pág. 14
O livro desperta, no leitor, uma
profusão de sentimentos, alguns inclusive adormecidos, esquecidos ou
empedernidos pela lida diária. É um resgate e uma viagem das mais agradáveis,
permeada de cultura.
“Era tão bom
rolar a bola naquelas tardes, conseguir um drible, fazer um gol, comemorar num
salto a socar o vento. Efêmeros sucessos...Jovens, tão jovens tardes de sábado.” Pág. 65
Tive a gostosa sensação de estar numa
rede na varanda, em uma tarde outonal, olhos semicerrados, uma voz agradável a
me contar histórias suaves e simples, profundas e belas, em uma palavra:
verdadeiras.
Era Carlos Rosa quem conversava
comigo.
“Assaltam-me a tristeza e a
desesperança de cada parte do todo. Tomo meu rumo. Caminho pelas calçadas ao
longo de fachadas melancólicas de mau gosto. Quero retornar às luzes, onde
beleza é verniz repousante. Onde frágeis escoras sustentam miserabilidades,
sejam de bolso, sejam de alma.” Pág. 80