quinta-feira, 22 de julho de 2010

O outro lado do caso Bruno

A maioria de nós já está cansadíssima da exaustiva repercussão desse caso, mas há um aspecto que julgo muito interessante, e sobre o qual não vejo debate: a questão das mulheres que resolvem engravidar para se dar bem na vida.

Ora, sou mulher e acho isso um absurdo. Ter um filho é, ou pelo menos deveria ser, uma opção. E aí entramos numa seara quase proibida em nosso país que é o direito ao aborto. Já custou a eleição da Jandira Feghali da outra vez e os políticos medrosos nem se manifestam mais sobre isso, mas enfim, se vivemos numa democracia, posso falar. Aborto, melhor não fazer, mas se precisar, é uma opção sim.

Continuemos. Uma opção da mãe e do pai. Não sou contra qualquer mulher que queira ter uma produção independente, ao contrário, muito mais honesto. Mas, se você engravida, querendo ou ‘sem querer’, e decide levar adiante sua gravidez, caramba, o dito cujo parceiro tem que ser comunicado e ter direito de dizer ele também se quer ou não ser pai. Sim, direito. Não acho justo ser um dever dele assumir uma paternidade não desejada, não planejada e ainda por cima, muitas vezes estrategicamente manipulada. Deveria haver uma proteção legal contra isso, em qualquer fase da vida. Se uma fulana foi pra cama porque quis com um carinha cheio da grana e não se cuidou (e olha que vivemos numa época em que há pílula do dia seguinte, com efeito se tomada até 5 dias depois do ato) e deixou vir um filho, muito bem. Escolha dela, direito dela. Que verifique se o pai deseja dividir essa responsa e, caso não, arque com as consequências de sua decisão, financeiras inclusive. Não podemos manter essa hipocrisia que é defender direitos iguais para homens e mulheres se ainda temos ranços tão arraigados de uma sociedade machista e patriarcal. Senhores juízes, não coadunem com uma conduta destas.

Outra coisa que precisa ser revista é o valor estabelecido a título de pensão. Faz-me lembrar o Figueiredo, que disse que se ganhasse um salário mínimo se mataria. Nem tanto ao mar, nem tanto à terra. A verdade é que os que são vítimas do golpe da barriga, em sua maioria, estão numa situação econômica muito confortável. A mulher, ao contrário. Então, de quanto precisa uma criança para ser bem alimentada, educada, manter sua saúde, ter direito a lazer etc? Não é de R$ 10 mil por mês ou 90% dos nossos filhos não teriam sobrevivido, certo?

Por que deve haver uma relação percentual entre o que fatura o pai e o que recebe o filho? Sou contra também. Se e apenas se o pai concordar em dividir as despesas, que seja dividir. Se ele quiser assumir a integralidade dos gastos, decisão dele, nada a opor. Mas se o cara recebe luvas disso, direitos daquilo, rendimentos de aplicações, salários etc, não é razoável que tudo entre num bolo que acabe em uma pensão polpudíssima, que só faz encorajar jovens de caráter duvidoso a manter a prática enganatória como uma estratégia eficaz. Será que ninguém vê isso?

Claro, nem precisa dizer que uma coisa é uma coisa, e outra coisa é outra coisa. Nada, absolutamente nada, justifica sequestro, tortura, morte e todas as demais atrocidades envolvidas no caso do ex-goleiro, mas gente, reflitamos também sobre esse outro aspecto. Afinal, golpe, má fé, chantagem e mau caratismo também deveriam ser banidos, você não acha?

7 comentários:

  1. Apoiadíssimo! Onde estão os jovens juízes, deputados e senadores que não põem uma ideia dessas no papel? As leis antigas, do tempo que a mulher não trabalhava fora e dependia 100% do marido, não condizem mais com a realidade atual. A título de "proteger a mulher", deixam o homem de hoje à mercê de aproveitadoras. Se antigamente a mulher é que ficava no papel de "enganada", hoje em dia, frequentemente, é o homem. Sem o antigo machismo, nem o moderno feminismo, há que se encontrar o ponto justo nessa relação, de forma que ninguém possa prejudicar ninguém.

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  2. Muito bem levantada a questão. Já tive muitas opiniões sobre o assunto e no momento penso que os digamos "jogadores de futebol" devem sim reconhecer e principalmente arcar com a polpuda pensão do rebento. É tudo muito promiscuo, sexo feito animal, para liberar os instintos, sem pensar nas consequências, como disse o goleiro, um encontro de 20 minutos de orgia. Você bem colocou, vivemos no mundo da pílula do dia seguinte, da informação de como se evitar a gravidez, porque isto tem que ser uma decisão dos 2 e se 1 das partes não quiser, sabe muito bem como evitar.
    Eu como mulher teria vergonha de pedir pensão ao ex-marido como está fazendo a ex do jogador Pato, que foi realmente um pato. A ex-mulher ainda jovem, com todas as possibilidades de tocar a vida com o trabalho dela pedir pensão depois de 9 meses de casamento???? Irc, me dá nojo.
    Agora o prêmio idiota do ano vai para a amante do jogador que matou a mulher por causa do filho. Só agora vi a declaração daquela estúpida dizendo que se casaria hoje com o Bruno se ele quisesse. Só pode ser muito maluca mesmo para fazer uma declaração destas. Então, a gente sempre vai precisar saber qual juízo de valor fazer de cada situação baseado no nível das pessoas envolvidas. Não é possível que um homem que não seja demente não consiga perceber que uma pessoa está se aproximando somente por interesse financeiro e esperando uma oportunidade para garantir uma pensão.
    Agora também conheço muito homem que sabe que tem o filho e não dá nenhuma assistência na formação do filho. Tem gente de todas as espécies.

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  3. Esqueci de me manifestar sobre minha posição sobre aborto. Concordo plenamente com você. A gente não pode pensar em fazer aborto assim como quem vai fazer depilação, não acho que deveria ter um "aborto express", mas sou plenamente a favor de acabar com essa demagogia barata que coloca em risco a vida de mulheres. Muito pior que o aborto é a pedofilia dos padres e omissão do Papa.

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  4. Tb acho. Falar nisso, viu a última da igreja em Roma? Os padres rezam missa de manhã e vão para boates gays à noite arranjar parceiros. Eu não sou moralista, mas para quem prega o comportamento dos padres como modelos, cá pra nós, Shame on you man!

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  5. Só agora vi o teu comentário. Tinha que ter algum recurso para a gente ser avisada quando alguém respondesse a algum comentário, tal qual no FB (facebook). Tô vendo agora o JN que fala que as lojas têm que ter o Código de Defesa do consumidor à vista, o problema é o analfabeto funcional, que não consegue entender o que está lendo, mas isso é outro assunto, não vamos tergiversar, rsrsrs.
    Sobre o problema da má conduta da Igreja Católica e também cabe aqui aos políticos, vou citar meu guru José Saramago,

    "Penso que estamos cegos,
    Cegos que vêem,
    Cegos que, vendo, não vêem."

    Me avise sempre que atualizar qualquer coisinha, gosto muito da forma como você coloca as questões. Somos elite, temos que mostrar a cara, eu não tenho vergonha do que penso.

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  6. Acabei de "mandar umas letras" para Dilma no Twitter. Vc tem que entrar no Twitter, poder mandar um recado para uma candidata como a Dilma, não tem preço.
    bjs

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  7. Vou fazer isso sim. Eu tenho twitter,mas quase nao entro. Tb tenho o FB, mas visito raramente. Tenho q. me acostumar com isso. Eu fiquei horrozizada com uma materia q. li no Globo de hj, sobre o cemitério S.J.B. Vou fazer um artigo sobre isso. Ah, e sobre sermos avisadas sobre os comentarios, será q. tem a ferramenta e a gente não descobriu? Pq é tão óbvi oq. devia ter. Eu pensei q. ser seguidora significasse tb isso, mas pelo visto não. Bjs

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