Sonhei que morava em um país onde não havia corrupção e a verba, mesmo a que não se julgava suficiente ou ideal para uma determinada aplicação, era utilizada naquele propósito. Esse país não precisava ostentar luxo ou riqueza em seus tribunais de (in)justiça. Os prédios eram simples, mas honestos e funcionais, como o povo. As leis eram poucas e curtas, mas cumpridas. Quando se importava um bem caro, como por exemplo um trem moderno, ele não vinha equipado com painéis de LED, TVs de plasma ou câmeras de monitoramento interno, mas era limpo, confortável, seguia os horários à risca e não superlotava. A população podia, efetivamente, ir de um ponto ao outro sem contratempos, o que era seu objetivo principal.
Nesse sonho, a ética das licitações era simplesmente entregar uma proposta enxuta para atender aos serviços solicitados, sem 10, ou 15 ou 20% para compradores, mediadores, facilitadores ou outras dores quaisquer que sofremos todos quando não há ética.
Infelizmente, quando eu acordei continuava no Brasil. Desanimada, cansada, desesperançada de ver que as coisas não mudam e que denúncias de absurdos caem fácil no esquecimento das gentes, no abandono dos governantes e na perdição do povo, cuja maioria, se pudesse, faria igual a todos esses inescrupulosos. Nem posso reclamar ao papa, porque não sou católica, então desabafo meu choro de saudade de um país que nunca conheci, mas com o qual sempre sonhei. Quem vai sonhar comigo? Quem vai realizar comigo?