sábado, 11 de agosto de 2012

REPUGNANTE



Semana retrasada postei um conto meu no blog do Clube de Leitura Icaraí. Recebi muitos comentários surpresos, escritos ou falados, e um longo telefonema de uma prima muito querida. Ela me perguntou: Por que é que você escreveu isso? O que você quis dizer? E me contou, do alto de toda uma vida conhecendo bem a minha, as considerações que teceu e juntas trançamos e destrançamos essa teia gostosa da qual mal nos apercebemos quando estamos em processo, em construção, ou seja, no sempre.

Eu não tinha me questionado absolutamente porque inventei aquele conto, taxado como repugnante por diversos leitores (abaixo o link para os corajosos), mas foi muito bom fazer esse trajeto, incerto, ao lado de uma voz amiga.

E quando não conhecemos os autores, refletimos também sobre isso? Ou quando os autores não se identificam, é o medo de exporem seu outro lado que fala mais alto ou talvez o respeito à privacidade de familiares e amigos?

Hoje,  folheando o Caderno Prosa, em sua versão piorada após a reforma que o O Globo impôs, li com gosto o ensaio da Elvira Vigna intitulado “Tentativas sobre o conto”. Ela cita diversos autores e suas opiniões a respeito, mas identifiquei-me especialmente com a do Ricardo Piglia que diz que o autor de um conto deve estabelecer duas histórias que correm simultâneas e são o contrário uma da outra. Sem querer, eu fiz isso, talvez curvando-me ao óbvio conflito que mora nessa alma e que agora não precisa mais se esconder.


4 comentários:

  1. Achei esse conto Nota 10. A vida, em geral, é muito mais "repugnante" do que essa história, que é uma história de amor passional. O Blog do CLIc tem publicado bons contos. Parabéns Rita!

    ResponderExcluir
  2. Concordo . O conto é muito bom. Podemos perceber o drama vivido nesta historia de um amor.
    E o que o torna mais vivo é justamente a sua transparencia, a sua tentativa de se colocar sem medo. Repugnante ou nao.
    PARABENS !!!

    ResponderExcluir
  3. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  4. Rita, muito bom o seu texto. Realmente escrever é uma grande aventura, ainda mais quando o universo explorado pela escrita é o da ficção. Aliás, não entendo bem porque dizemos ficção, pois muitas vezes o que vai escrito é nada mais que a representação do que ocorre verdadeiramente na "vida real". Eu gostei bastante do seu conto. Acho que neste você conseguiu uma certa sintonia (ou harmonia)entre a linguagem e a situação retratada. Acho que você além de poeta(ou poetisa) também tem veia de contista, e das que mexem com o leitor. Um grande abraço,

    ResponderExcluir