Pouco mais de um ano após a catástrofe em Fukushima, sai o
relatório dos especialistas. Não foi só a mãe natureza a causadora de tamanha
desgraça, dizem eles, mas seus filhos. Ao que parece, um conluio para abafar a
sempre relegada segurança e manter bem vivo o interesse econômico ganhou o
primeiro tempo. O que mais me chamou a atenção, no entanto, foi a fala do
presidente da comissão investigativa:
“A cultura japonesa –
com traços de obediência e relutância em questionar autoridades – teve papel
fundamental.”
Uau! Não é pouca coisa. E onde se ensina a questionar, a
duvidar, a sentir-se no direito de interpelar, inclusive os poderosos? E onde
se aprende a valorizar opiniões contrárias, respeitar o homem comum que é a
base de qualquer sociedade?
É hora de nos questionarmos todos, sempre e sobretudo sobre
tudo. Repensemos os conceitos, os pr(é)conceitos. Não há vespeiro onde não se
possa mexer com os instrumentos adequados. Bons livros ajudam muito a abrir a
mente para além da linha do horizonte e uma cabeça mudada é um mundo diferente
que se descortina. Daí surge nosso melhor, quiçá insurgir-nos-emos!
Cada vez mais eu reputo a questão cultural como principal entre as que devem ser trabalhadas para que qualquer sociedade mude e progrida. Não estou falando apenas de escolas, livros, filmes, cultura. Estou falando da percepção, das concepções, dos conceitos vigentes na sociedade, enfim, dos valores. Os valores são tudo. Sem isso, o restante é só reação momentânea, seja contra ou a favor de qualquer assunto ou governo. E quem trabalha os valores, discute eles, é a cultura.
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