sábado, 30 de junho de 2012

Um Nabokov para digerir



Termino a leitura de Lolita aliviada. Saí de uma náusea intermitente sem precisar vomitar, e isso não é uma crítica. O livro é magistralmente escrito e transmite ao leitor cada sensação impressa, letra por letra.

Para mim, foi difícil. Sempre tive a busca do entendimento como fim e, embora hoje faça uma força danada para não precisar compreender tudo que leio, que vivo ou tenho informação, sei que muitos e muitos degraus estão à minha frente. Então, não captando o comportamento de um psicopata, de um pedófilo, de um maníaco, é bem intragável ler sua busca incessante por um prazer tão intenso quanto efêmero.

Ao mesmo tempo é um exercício de paciência, de compartilhamento da dor - alheia por acaso e circunstância - de transposição de barreiras, de superação de preconceitos, de ampliação de horizontes. É um exercício de vida.

Louvo, ademais, a coragem do autor em não usar um pseudônimo para sua obra-filha, digo, obra-prima. Ele bem que pensou nisso, mas assumiu o que milhares de pessoas certamente criticaram sem dó alguma. Superou a recusa de inúmeras editoras para depois receber uma tempestade de adjetivos imundos. Mas, como de outra forma enfrentar nossos piores medos? 

2 comentários:

  1. O escritor espia seus medos
    arranca da alma sutilezas
    e por vezes expõe segredos
    que de si próprio sangram vilezas.
    Verdade ou invenção tanto faz:
    do mesmo jeito causa estupor
    quando sua obra é capaz
    de singrar as veias do leitor.
    Vai, vai sim, escritor
    ferir todas as suscetibilidades.
    Iluminar onde se esconde a dor
    é a sua responsabilidade.

    ResponderExcluir
  2. Parafraseando Ancelmo Gois, "Ilumina eu". Beijinhos doces, escritor.

    ResponderExcluir