sábado, 30 de junho de 2012

Um Nabokov para digerir



Termino a leitura de Lolita aliviada. Saí de uma náusea intermitente sem precisar vomitar, e isso não é uma crítica. O livro é magistralmente escrito e transmite ao leitor cada sensação impressa, letra por letra.

Para mim, foi difícil. Sempre tive a busca do entendimento como fim e, embora hoje faça uma força danada para não precisar compreender tudo que leio, que vivo ou tenho informação, sei que muitos e muitos degraus estão à minha frente. Então, não captando o comportamento de um psicopata, de um pedófilo, de um maníaco, é bem intragável ler sua busca incessante por um prazer tão intenso quanto efêmero.

Ao mesmo tempo é um exercício de paciência, de compartilhamento da dor - alheia por acaso e circunstância - de transposição de barreiras, de superação de preconceitos, de ampliação de horizontes. É um exercício de vida.

Louvo, ademais, a coragem do autor em não usar um pseudônimo para sua obra-filha, digo, obra-prima. Ele bem que pensou nisso, mas assumiu o que milhares de pessoas certamente criticaram sem dó alguma. Superou a recusa de inúmeras editoras para depois receber uma tempestade de adjetivos imundos. Mas, como de outra forma enfrentar nossos piores medos? 

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Uma forma criativa de estudar



Prezados internautas,o texto que se segue foi escrito pela minha filha Helena, depois de uma sugestão do pai para ela estudar uma matéria que não curte muito:ciências. Em que pese o fato de, como quase toda mãe, eu ser coruja, achei um ótimo texto. Divido com vocês.

Capítulo Um
                
    Era uma vez uma menina chamada Luana, o nome dela se originou da Lua, talvez porque Luana amava o espaço, ou talvez porque fosse um nome bonito. Luana nasceu na Terra, e desde pequena sonhava em viajar para a Lua, e viver com os E.T.'s .  Ela tinha uma imaginação muito fértil. Quando criança, sua mãe, Lagunna, a trouxe para visitar a Via Láctea, ela se divertiram muito, porém, no final da viagem, a mãe de Luana avistou um meteoro vindo em direção à nave, rapidamente abriu a porta, e jogou Luana para fora. Chorando, a mãe disse: Eu Te Am...E em lágrimas comovedoras ela explodiu, junto à nave, e ao meteoro. Desde então, Luana vive ali, sozinha e independente. Até que um dia ...
    - Olá! Achei que não existisse ninguém aqui... ~disse uma menina se aproximando da Lua~
- Oi! E eu achei que ninguém viria para cá. ~Acrescentou Luana~
- Qual seu nome? ~Perguntou já pousando sua nave~
- Luana, e o seu? ~Respondeu educadamente~
- Zathura! O que você está fazendo aqui? ~Perguntou já com os pés na Lua~
- É uma longa história, mas vivo aqui desde pequena.
- Nossa! Como aprendeu a falar? ~Zathura se surpreendeu~
- Eu aprendi muitas coisas aqui. Sabia que o Universo tem várias galáxias que contém bilhões de estrelas, que, por sua vez, contêm planetas, assim como a Terra?!
- Sem querer ofender, mas eu sabia, aprendi na escola.. ~Zathura falou meio sem graça~
- Ah sim, e também que os astros não estão apoiados em nada, todos estão em movimento, uns atraindo outros por meio de uma força chamada força gravitaçional. ~Luana se sentiu~
- Disso eu não sabia, mas eu sei tudo sobre o Sol e a Terra, Luana. ~Zathura se defendeu~
- Prove. ~Luana desafiou Zathura~
- Está Bem. Quando está de noite na Terra, do outro lado do mundo está dia, devido ao movimento de rotação da Terra, e a rotação da Terra é o movimento giratório que a Terra realiza em torno do seu eixo.  ~Explicou Zathura~
- Ah, isso eu sei. ~Luana fez questão de dizer~
- Mas você sabia que ... ~No momento em que ela ia terminar a frase, uma luz forte veio da escuridão, e foi se aproximando, quando finalmente a luz diminuiu, elas viram, era um alien.~
- AI MEU DEUS !! ~As duas disseram, uma correndo para abraçar a outra~
- Fiquem calmas. E, sim, eu falo a língua de vocês, lá de Marte dá para ouvir a discussão de vocês, pelo amor de deus né, poderiam falar mais baixo, por favor? E também percebi que ambas são muito espertas, estão de parabéns. Mas caso queiram saber, a atmosfera é um conjunto de camadas que envolve a Terra, estudamos isso no meu planeta. Adeus.


 FIM
Autora: Helena de Sant' Anna Barra
Idade: 11 anos
Série: 5ª
Baseado: Capitulo um do livro de ciências

terça-feira, 5 de junho de 2012

Salve Mia Couto!


Três dias de leitura atenta, prazerosa, curiosa, encantadora. Como posso achar os adjetivos certos para esse moçambicano que poetisa toda sua prosa? Haveria de dizer algo como “pensei que a gastança das emoções já tivesse me consumido toda, mas meu coração inda encontrou verde nesse pasto onde os homens deixaram secar seus corações, sob o sol dos negócios, à sombra dos amores”. Ah Mia Couto, eu queria poder te criar se não existisses.

O livro Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra é simplesmente M A R A V I L H O S O. Leitura para quem ama e não se envergonha. Poder sentir a sabedoria da Mãe África através de frases tão lindas, costumes tão significativos... Um realismo que seria fantástico mesmo se não o fosse, tão impressionante é o estilo, a composição, a justaposição das palavras, escolhidas uma a uma. Fico pensando quanto tempo o autor se debruçou sobre as letras para nos brindar com essa pérola...

Não há um senão nesta obra, perfeita de cabo a rabo, completa no lirismo, na prosa poética, que inspira e transpira os melhores sentimentos, para nós e em nós, lembrando-nos de que, apesar de todo o tecnicismo de nossa era, ainda permanecemos humanos.