Se não morrermos antes, todos vamos envelhecer. E já dizia Tônia Carrero, numa entrevista concedida há anos. “A velhice é uma merda, mas a outra opção é pior”. Pois é, fiquei pensando nisso e bateu uma grande saudade das minhas avós. Ambas passaram pro andar superior na vantagem, digamos assim. A paterna aos 93 anos, a materna aos 95.
Acho que as duas souberam viver muito bem. Minha avó Leosira sempre foi uma salvação para mim. Com pai muito autoritário, cortando as coisinhas bobas de adolescente que eu queria fazer, como pintar a unha de esmalte escuro, fazer sobrancelha, raspar a perna (naquela época se usava gente, acreditem!), colocar uma sainha mais curta, minha avó, mãe dele, era a salvação. Ela dizia. - Escuta aqui, eu deixei a menina pintar a unha da cor que ela quiser, amanhã eu passo aqui pra ver se continua pintada, hein? Meu pai me fuzilava com o olhar, mas deixava, ele não ousava enfrentar a vovó. Vó Leosira gostava de agradar os netos, cozinhava muito bem, fazia nossas vontades, ovo frito pra um, batata frita pro outro, franguinho frito pra terceira (antigamente era tudo frito, e na banha, e a gente não tinha problema de colesterol nem nada). Quando a gente deitava no colo dela, ela fazia cafuné. Era horrível, doía, porque ela não sabia fazer, ela meio que enfiava a unha no casco da gente, mas eu não tinha coragem de reclamar, a vovó era tão boazinha...
A vó Nair, é claro, como sogra, não tinha essa ascendência sobre o meu pai, mas eu não precisava disso pra gostar da vó, era só um ‘plus’. Vó Nair sempre foi muito bacana. Nunca foi chata nem ranzinza, falava baixo com a gente, era delicada e amiga. Eu sempre queria ir pra casa da vovó e balançar no balanção de lá, molhar as plantas, colher pitanga, ouvir as histórias da roça. Ah, essa minha vó também era uma cozinheira de mão cheia. Fazia um bife na frigideira de ferro que todos os netos adoravam ver, era fogo pra tudo que é lado. Um espetáculo pros olhos, pra boca e pro coração. Nunca mais comi um bife tão gostoso. E quando ela fazia gnochi? Juntavam os netos em volta da mesa de fórmica vermelha querendo jogar o trigo e cortar as tiras de massa caseira. Ta ta ta ta ta ta, fazia a faca. E foi na casa da vovó que todo mundo aprendeu a jogar buraco, sueca, bisca, e a não saber perder no jogo. Mas isso já é outra história, era o lado do meu avô que jogava as cartas pro alto, gritava e reclamava à moda italiana. Fazia parte. Então a gente podia destemperar também? Ah tá.
Que vocês possam sentir de longe nosso carinho, saudade e agradecimento. Bença vó.
Saudades da vó Leosira , e aquele doce de leite hum!!!!
ResponderExcluirEsse tema tá pra mim. Ninguém teve a avó melhor do que a que eu tive.
ResponderExcluirMinha avó foi casada com um comandante da Marinha que serviu na 2a Guerra e que não era meu avô, que eu não conheci porque naquela época, usava-se morrer cedo. Era raro alguém viver muitos anos.
Minha avó conheceu o mundo a bordo de um navio. A casa dela era repleta de lembranças dessas viagens e que ninguém duvide das histórias que ela me contava.
Minha avó paterna tinha mais afinidade com minha mãe que era de extrema direita, sonhava com casa de veraneio e queria trocar de carro todos os anos.
Minha avó era super alegre, e nosso cumprimento era como o palhaço Arrelias, como vai vai vai vai, tudo bem bem bem bem bem, pulando, dançando.
O lema da minha avó era: o melhor marido de uma mulher é um diploma embaixo do braço.
Minha avó não teve boa instrução porque o pai dela veio com a família para o Brasil e foi passado para trás e ela com suas irmãs passaram muitas necessidades para sobreviver.
A Da. Nair, não era minha avò, mas eu tinha uma grande admiração e respeito por ela. Por isso,
ResponderExcluirtambém senti a sua falta. Que Deus a tenha ao seu lado. Bjs.
Adorei o texto das minhas bisas!!!
ResponderExcluirbjs, te amo mamãe!!!
lindo o texto tia!
ResponderExcluiramei de verdade!. fiz o meu blog! comenta lá
http://gabimassucatti.blogspot.com/