domingo, 20 de novembro de 2011

Uma questão de escolha


 
Eu pensei em escrever sobre o Steve Jobs bem antes, mas aí ia ser tão lugar comum, o jornal não parou de falar nele durante quatro dias seguidos. Resolvi esperar. Até porque a reflexão sobre a vida e a morte é atemporal. Fiquei bolada com um comentário que minha amiga Rose postou no facebook. Eu procurei para colar aqui, mas devido a meus parcos conhecimentos do ‘face’, não achei. Bem, ela dizia mais ou menos que alguma coisa está muito errada e é preciso refletir como ainda hoje uma pessoa morre de câncer tão novo, ainda mais um gênio.

Eu, porém, tenho um outro ponto de vista. Concordo que muita coisa está errada e nem quero enveredar pelos interesses que movem a indústria de remédios, os patrocinadores de cientistas e por aí vai porque preciso alimentar meu bom humor, rsrsrs.

Mas acho que o Jobs nos leva a refletir sobre a qualidade de vida que levamos. Inegável que era um gênio, para o trabalho, o que acabou por atingir uma população imensa que consumiu e consome avidamente as novidades que o mundo capitalista nos entrega day by day. Mas a vida não é só trabalho. E pelo que li, como a maioria dos gênios, seu temperamento era, digamos, no mínimo bipolar. Não creio que devamos cultivar ofensas e agressões nem que as justifiquemos por incompetência. Não está satisfeito, demita que é direito seu, mas sem humilhar. Curta mais a família, selecione amizades, aprecie a natureza porque não sabemos até quando dura o nosso presente de viver e esse encanto de saber que mais dia menos dia ele termina, por doença, acidente ou o que seja, deveria nos motivar a viver e amar o hoje como se não houvesse amanhã, como já bem disse a Legião Urbana na letra de Pais e Filhos.

Acho que perto do final Jobs descobriu isso, tanto que fez a declaração abaixo. Nós podemos descobrir antes. Não percamos a oportunidade!

“Lembrar que estarei morto logo é a ferramenta mais importante que eu já encontrei para me ajudar a fazer grandes escolhas na vida. Porque quase tudo – todas as expectativas externas, todo orgulho, todo medo de falhar ou vergonha – essas coisas caem por terra ao encararem a morte, deixando apenas o que é realmente importante. Lembrar que você vai morrer é a melhor maneira que encontrei para evitar a armadilha de pensar que você tem algo a perder. Você já está nu. Não há razão para não seguir seu coração." Steve Jobs

5 comentários:

  1. Rita, às vezes convergimos para um mesmo ponto comum sobre um determinado assunto. Este de Steve Jobs me parece ser um de desses casos. Não acompanhei os jornais e revistas em sua sanha por novas notícias, que diga-se de passagem envelhessem num click de mouse hoje em dia. Mas fiquei com a impressão de que confundiram a genialidade dele com o ser humano em sí. Não é porque foi gênio que o cara foi um ser humano admirável. E no caso de Steve Jobs timidamente foram aparecendo, aqui e alí, informações que davam conta de um sujeito obsessivo pelo trabalho e pela perfeição, e que para atingir seus onjetivos não era assim um ser humano tão louvável, principalmente com seus funcionários. Falo da distância que separa dos fatos, é apenas um comentário que faço em cima de alguns depoimentos que deram conta de um Steve Jobs mais humano do que aquele apresentado pela mídia, e portanto sujeito a essas contradições próprias de nossa pobre estirpe de seres humanos. Talvez a biografia autorizada dele, que já estava quase pronta antes da morte, dê conta desses detalhes de sua vida e que desconhecemos. Parabéns pelo texto e pelas reflexões propostas.

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  2. Rita, sobre o meu comentário com relação à cura do câncer, depois li que ele não fez a cirurgia que precisaria ser feita por questões religiosas e quando se deu conta que a cirurgia seria necessária já não dava mais tempo.(escolhas) Minha admiração por Jobs é pelas idéias dele que trouxeram tantas modificação para nossos dias e não pela forma como ele tratava seus subordinados.
    Semana passada perdi uma querida também para o câncer, assim rápido, não deu para fazer nada. A morte sempre nos pega de surpresa.

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  3. Um cara cujo sobrenome é "Trabalhos"... isso diz alguma coisa...

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  4. Rose, querida, nem por um instante pensei em sugerir que sua admiração não seria pelas contribuições tecnológicas que ele nos legou, se deu essa impressão, me desculpo de todo coração, eu só quis ver também o outro lado, o lado humano, e aí concordo com Antonio. Acho que é preciso equilíbrio para tudo, nem tanto ao mar, nem tanto à terra, o Jobs pode ser um sobrenome, mas então o nome que a gente adota deve permitir outras coisas também. Acho que a morte, mesmo que a gente espere, sempre nos pega de surpresa. E é normalmente uma má surpresa, a não ser qdo atinge algum tirano assumido. Por isso é importante aproveitar o hoje, eu acho.

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