Amor, produção Áustria/França/Alemanha,
é indicado ao Oscar de Melhor filme estrangeiro. Se quiser ver, vá naquele horário
em que você não sente sono. Eu gostei muito da representação da atriz principal
e da temática. Ponto.
Você já leu Homem comum, do Philiph Roth? É deprê e vagaroso igual, mas falemos da parte boa. O filme é sensível. A mulher octagenária sofreu dois AVCs e está muito mal. Perdeu todos os movimentos, precisa ser alimentada na boca, com colherinha e canudinho, usa fraldas, geme de dor, solta uns sons mal formulados. É cuidada em casa por seu marido, também octagenário, que depois contrata duas enfermeiras que se revezam em alguns horários, mas não cobrem o tempo todo. A filha é meio distante, não apenas pelo fato de morar longe, mas só aparece raramente. O homem e a mulher sofrem, sofrem bastante.
Paro por aqui quanto ao filme, mas para mim seu maior mérito está em reacender o debate em torno da morte assistida. Aliás, semana passada saiu matéria a respeito no jornal (link abaixo). Diz lá que há cerca de três mil casos de eutanásia ilegais na França por ano.
Eu sou francamente favorável à morte, à decisão de morrer, quer através de morte assistida ou simples suicídio da pessoa que deseja abreviar sua vida, caso ela tenha condições para tal. A vida é um presente, é uma benção, enquanto temos saúde para o básico. Viver com um pouco de dor é tolerável, mas viver o tempo todo vegetando, sem o que chamamos qualidade de vida, ah isso eu não quero pra mim e nem para os que amo.
Acredito ainda que há outras razões para morrer. Não conseguir ser feliz, viver sem tesão, sem gosto, desde que você não esteja doente, depressiva, se realmente essa aqui não é a sua praia, acho que é seu direito se retirar. Será triste e lamentável para os que gostam de você.
Lógico, muitos pensam diferente. Há as questões religiosas, a ideia do pecado etc, mas acho que a soberania da decisão cabe a quem sabe o quanto lhe custa viver. Você não concorda? Que bom, temos mais gente no mundo. O que seria do verde se todos gostassem do amarelo?
Um dos melhores filmes que já vi. M a r a v i l h o s o , me tocou
fundo, rendeu uma conversa ótima no barzinho ao final e reflexões posteriores. Marcante,
bem feito, ritmo certo, tensão o tempo todo. Musicalidade compondo a trama. Realmente
valeu o ingresso.
O filme é israelense e é falado em hebraico, o que foi uma benção. Esse filme em inglês, francês, espanhol ou italiano seria um fracasso. É preciso a força do idioma. Se não fosse o hebraico, tinha que ser o russo, alemão, polonês ou húngaro. Algo assim, forte e determinado como os protagonistas. Nota de rodapé concorreu ao Oscar de melhor filme estrangeiro de 2012.
Fui ver porque aprecio produções não
americanas (algumas americanas eu gosto também, gente, mas não aceito essa
massificação que eles querem empurrar. Viva a diversidade!) e a sinopse me chamou
a atenção. Dizia assim: pai e filho são professores excêntricos que dedicaram
suas vidas ao estudo do Talmude. Enquanto o mais velho não gosta do mundo acadêmico
e jamais foi reconhecido pelo seu trabalho, o mais novo é uma estrela em ascensão
que gosta de ser reconhecido e bajulado. 106 minutos.
Não é nada disso, esse povo vê outro filme, não é possível. A
parte dos 106 minutos deve estar correta, não cronometrei, mas o tempo passa rápido mesmo. Pai e filho são professores sim, sendo que o filho faz sucesso, é reconhecido, alegre, de bem com a vida. O pai, ao contrário, é sisudo o tempo inteiro, maldiz o prêmio israelense, tipo um nobel de lá, sendo que há 20 anos se inscreve para o mesmo e nunca é agraciado. Sua relação com o filho é quase nenhuma e na cena inicial, que é o filho proferindo um ótimo discurso enaltecendo a função do professor, aplaudido de pé demoradamente pela plateia, o pai, presente, bate umas palminhas de nada e se senta. Sentiu o clima, né?
Pois bem, esse pai recebe um telefonema da ministra da educação em seu celular dizendo que esse ano ele era o ganhador do prêmio na categoria tal (algo sobre o Talmude, não me lembro). Ele fica quase mudo. Vai pra casa, passa a ser festejado, todos o cumprimentam, sai na imprensa, está pela primeira vez meio simpático. Aí, eis que o filho recebe um telefonema para comparecer a uma reunião de urgência no ministério, onde estão todos, o presidente e demais membros que votaram nos eleitos para o prêmio, um advogado, o representante da ministra da educação etc. Nessa reunião, lhe contam que houve um lamentável erro e na verdade o pai não ganhou o prêmio, e sim o filho. A secretária do ministério ligou para o celular errado, o telefonema vazou para a imprensa - já que não tinha havido ainda a divulgação oficial, e eles querem a ajuda do filho para contar do erro ao pai e agraciar, no lugar, ele, o filho.
O que vem a seguir é que é magistral. O discurso e argumentação do filho, do presidente do conselho votante, a atuação de ambos, a reação do pai, a entrevista que o pai concede à imprensa. Eu não vou contar mais nada porque vocês tem que ver esse filme. Aí depois a gente troca altos papos.
Ah sim, a questão da preocupação com a segurança em Israel perpassa todo o filme, cães, seguranças, equipamentos para verificar se você está armado, o que carrega em sua mala etc, em todo o canto. Me chamou a atenção a falta de sorrisos. Saudades do povo brasileiro.
Assisto, virando o rosto várias vezes, por nojo e repulsa, à
série Zumbi, agora em sua terceira temporada. Comecei vendo por falta de opção,
já que janeiro e fevereiro são meses sem estreias de séries, mas devo confessar
que gosto bastante, apesar do apelo sanguinário.
O motivo? Discute-se a humanidade, sobretudo. Como o homem
reage em situações extremas, em que a sobrevivência é a maior luta. Quem acha
que vale tudo no caos absoluto, sem regras, e quem acredita que, ainda assim os
princípios básicos da civilização devam prevalecer? O que efetivamente é básico
e o que é supérfluo? Como encarar tantas perdas seguidas de entes queridos? Como reagir ao medo, ao pavor de ser comido vivo por errantes canibais desprovidos de sentimento ou razão? Quem
somos nós no mais do mais íntimo de nós?
Nesta temporada, pelo que prenuncia o jornal, ficarão
patentes dois modos de agir bastante distintos: um liderado pelo grupo do Rick,
um ex-policial do bem que já abarcou integrantes bastante heterogêneos, e outro
pelo grupo do auto-intitulado ‘governador’, que engana uma parte de seus seguidores
e na verdade sai matando sem critério, para garantir armas, mantimentos,
transporte etc, com apoio da outra parte do bando.
Como você acha que se comportaria num mundo sem sanções, sem
prisão, onde as escolhas não tivessem consequências futuras porque o futuro
mesmo parece apenas uma miragem, um sonho, uma esperança?
O livro, o filme, a obra-prima que permanece atual
Há muitos anos li "Os Miseráveis" e adorei. Não me lembro
mais do estilo do Victor Hugo nem do vocabulário empregado, mas ficou marcada
aquela trama magistral que atravessa os séculos com uma história riquíssima e
atual. Depois, vi o filme umas duas vezes, e também gostei muito. Tinha
esquecido um pouco a parte em que aparece o Gavroche e o final da história e
senti a emoção toda de novo. Chorei, chorei....
Bem, de volta ao início do filme, então. A nova produção, um
musical, é primorosa. Algumas vezes achei que esse formato atenuou a tristeza e
a desgraça dos miseráveis, o que não sei se é positivo, mas as 2:30min passam
bem, você não sente cansaço. Os diálogos não são rimados, como em Cyrano de
Bergerac, outro filme que adoro, e há bastante repetição de frases finais, para
marcar o sentimento dos personagens. Os atores são todos bons e conseguem
representar mesmo cantando (acho isso mais difícil). Figurino e trilha sonora
não deixam a desejar. Quanto à maquiagem, o protagonista e o anti-heroi não me
pareceram envelhecer adequadamente.
O filme é bem dirigido, enfatiza algumas partes que para mim
não eram tão destacadas no livro (não sei se me lembro bem), como as artimanhas
do casal inescrupuloso que se aproveitou de Cosette e sua mãe, e passa mais
batido por outras, como o sofrimento da mãe de Cosette, a vida da menina e as
fugas de Valjean pelos esgotos da França – isso lamentei, no livro me pareceu
mais claro que se pretendia jogar os miseráveis para a periferia, os esgotos,
mas que de algum modo eles voltavam, emergindo de si próprios.
No cômputo geral o filme é bastante fiel à obra. Não há
maniqueísmos, exceto quanto à visão da igreja, que é a boazinha da história.
Mas vemos pobres honrados e vilões, ricos conscientes (na verdade só o Marius,
a princípio), homens da lei sem honra e condenados com uma consciência de fazer
inveja a qualquer cristão.
O início do filme é uma cena linda, gigantesca, daquelas que
você tem que ver no cinema mesmo. O ritmo da corda sendo puxada lembrando as
marés, o coração, o próprio ritmo da vida dos miseráveis, trabalhar, trabalhar,
sem descanso, reconhecimento ou retribuição.
Em seguida somos confrontados com o significado inexistente
da justiça (meu marido sempre me diz que se escreve com J maiúsculo, mas eu me
nego. Se fosse, eu escreveria, mas como é injustiça, é tudo pequenino). O cara
rouba um pão para alimentar o filho da irmã que tinha fome, e por isso passa 19
anos preso. Esse prisioneiro, Jean Valjean, dá uma demonstração de força
absurda erguendo sozinho uma tora gigantesca e é bem observado pelo policial
Javier (foto abaixo) nessa hora.
Ao ter sua condicional, leva como carma eterno a carta de
ex-presidiário, o que lhe impede de obter qualquer emprego ou moradia, e então,
escravo do sistema que só aprisiona, corpos e almas, está pronto para desistir
(existe liberdade?).
Inesperadamente Valjean (foto abaixo) é
acolhido por um padre/bispo que lhe oferece comida e abrigo por aquela noite.
De madrugada, rouba prataria e outras coisas e foge, totalmente desacostumado
que estava à caridade. É capturado por policiais que o levam à casa do pároco
que, para a surpresa do nosso protagonista, confirma sua mentira de que tinha
dado os pertences ao fugitivo e acrescenta ainda que ele esqueceu dois
castiçais, os mais valiosos. Só por causa disso o homem não retorna ao inferno
da prisão. Fica sem entender a atitude do padre e este lhe diz que Deus lhe deu
uma segunda chance – aqui a igreja deve ter adorado, o filme todo é pró-clero.
O que um ato de bondade pode fazer com uma pessoa!? Nosso
heroi muda, esquece o ódio com que foi tratado pelo mundo, se envergonha de sua
atitude e refaz sua vida rasgando a carta de ex-preso. Nunca se apresenta ao
agente da condicional e, 9 anos depois, é prefeito exemplar de uma cidadezinha
francesa. Até que...
Na fábrica que ele agora dirige, muitas mulheres passam o
dia ganhando o pão a custa de muito suor – bom retrato (de época ?), uma em especial se destaca pela beleza e é cobiçada
pelo encarregado, a quem, no entanto, ela se nega. As outras têm inveja.
Interceptam uma carta para essa mulher que diz que sua filha está doente e ela
precisa mandar mais dinheiro. Contam ao encarregado, que se sente humilhado por
haver sido preterido por uma mulher que já teve filho com outro e, pressionado
pelas ‘colegas’, a demite.
O prefeito não chega a saber da história toda, pensa que o
encarregado agiria com justiça. A mulher se desespera (foto abaixo). Na tentativa de
conseguir dinheiro para a filha, vende os longos cabelos e até dentes, imagine!!
É a humilhação máxima, a degradação humana, a esperança e o sonho que morrem, a
juventude que se despedaça, o amor pela filha cegando-a para a situação de
exploração que vivencia e se submete. Sequer pensa que pode estar sendo usada
pela família a quem paga para tomar conta e alimentar a menina. Se prostitui,
fica gravemente doente, dá um tapa em um homem ‘de bem’ com quem não queria
transar, o policial Javier chega, o homem conta sua história mentirosa, o
inspetor finge que acredita, porque era uma pessoa de ‘nível’ falando, e já ia
mandar prender a mulher quando chega também o prefeito. A mulher resume a
história da fábrica, conta de sua filha, Cosette, o prefeito se sente culpado e
quer ajudá-la. Intervém, evita a prisão e a leva ao hospital.
Um parênteses: em algum momento anterior, Javier conhece o
prefeito e desconfia que ele seja o tal Jean Valjean,
manda investigar, mas recebe informação de que o outro continua prisioneiro e
será condenado à morte. Depois, vê o prefeito levantando novamente um tronco
pesadíssimo que estava a esmagar um trabalhador e volta a sua mente a cena
inicial do filme. Tem certeza de que é a mesma pessoa e, ao revelar que o preso
será condenado à morte, nosso heroi tem um profundo drama de consciência. Ele
poderia ficar na dele, tem a oportunidade de escapar do castigo, mas sua honra
fala mais alto. Pensa nos operários da fábrica que dependem dele, em Cosette,
mas também no pobre homem que perderá sua vida. Vai ao tribunal e diz que ele é
Jean Valjean. Como se tratava de um prefeito,
o juiz diz que ele não deve estar se sentindo bem. Valjean
diz que vai ao hospital saber da mãe de Cosette e que retorna para entregar-se
– aqui novamente a justiça se fazendo de
cega quando convém.
Jean Valjean adentrando no tribunal e confessando a verdade
No hospital, a mulher está morrendo. Valjean promete que cuidará de sua filha e ela vai em paz. Javier chega para
prendê-lo, mas ele escapa porque antes quer resgatar Cosette. A menina é
duramente explorada por um casal inescrupuloso, que tem outra filha, Etienne, a
quem tratam como uma princesa, enquanto Cosette é a gata borralheira. Depois de
ser extorquido, o ex-prefeito leva Cosette, mas é perseguido por Javier. Escapa,
porém, e mais 9 anos se passam.
Cosette agora é uma linda moça. Na França do século XIX os
jovens exigem uma revolução, as injustiças sociais não foram resolvidas com a
queda de um rei. Depois de um vácuo, outro rei ocupa o poder e nada mudou. O
povo parece que apóia a revolução e os jovens sonham com um amanhã melhor. Um
dos líderes da revolução é Marius, de família rica, que se apaixona por
Cosette, e é recíproco, mas ele é também o amor de Etienne.
A moça, agora meio maltrapilha, está com os pais inescrupulosos pelas ruas, era a irmã de criação
de Cosette que no atual instante leva ‘vida boa’ – como
na vida os papéis se invertem, não? A gente pensa que ela será mau caráter, mas
não. Tudo o que faz é ajudar e depois apodera-se de um bilhete que Cosette
deixa para o amado antes de ser obrigada a mudar-se com o pai adotivo devido à
perseguição de Javier.
Há um menino, Gavroche, inspiradíssimo, que é a alma da
revolução. Delata Javier, que tentava se infiltrar entre os rebeldes.
A moça
Etienne se joga para proteger o amado Marius de uma bala, é ferida e acaba
morrendo nos braços de seu adorado. Antes, porém, tem tempo de entregar-lhe o
tal bilhete. Marius manda Gavroche levar um bilhete resposta e é Valjean quem o recebe. Não fala nada para a filha e abre mão de sua fuga, de sua liberdade,
para salvar o grande amor da filha. O sacrifício dos mais velhos, dos pais.
Decide ir lutar pela revolução também. A esta altura Javier está prestes a ser
enforcado e Valjean pede que lhe deem o prisioneiro, o que é aceito. Ao invés
de ter sua vingança, como espera Javier, o heroi finge que o mata e na verdade
o liberta. Javier não entende. Diz que não se sente em dívida e que o caçará
novamente.
Na hora H o povo se omitiu e os
jovens ficaram só, com o exército francês avançando impiedosamente.A
inocência do idealismo se apresenta, simbolizada pela morte violenta de
Gavroche. Praticamente todos os jovens morrem na luta, exceto Marius, que é
salvo por Valjean, que o carrega, ferido, por esgotos imundos (Marius, no
entanto, desconhece esse fato).
Próximo à saída do esgoto, encontra novamente o
casal inescrupuloso, que lhes rouba o anel. Quando o jovem se recupera,
Valjean, ainda fugindo, teme por Cosette. Até hoje, malgrado as insistências da
moça em saber a verdade, ele nunca a havia contado. Relata para Marius, mas o
faz prometer que apenas dirá à filha que o pai saiu numa longa viagem. Ao saber dessa meia verdade, ela se
entristece, não entende, mas segue a vida. Vai casar-se com Marius, que voltou
à sua boa vida burguesa (aqui uma discussão: então se o povo não apoiou sua luta, que deveria ser a de todos, e ele
perdeu todos os seus amigos, culpando-se por ter escapado, é hora de esquecer e
voltar ao que é bom, a riqueza, a fartura??).
Enquanto isso Javier não se
aguenta. Tem dúvidas, questiona afinal se Valjean é do céu ou do inferno. Não
aceita que Valjean seja tão melhor que ele. Ele que sempre foi duro, impiedoso,
intransigente na obediência cega à lei, agora balança, mas não consegue mudar. Perde-se de si mesmo e condensa em
uma frase seu gesto de suicídio: “Ele
(Valjean), ao me salvar (do enforcamento), me matou mesmo assim”. Joga-se
de uma ponte.
É o dia do casamento de Cosette e
Marius. Há festa na mansão. Marius reconhece
o casal inescrupuloso e o anel roubado e o
homem lhe conta onde Valjean está: na velha igreja, morrendo Marius compreende que foi ele quem lhe
salvou, tira Cosette da festa e a leva até o pai. Ela lhe dá carinho, ele diz que
já pode morrer em paz, ela diz que não, ele retruca com “isso, Cosette, me
proíba de morrer, eu tentarei”. Aparece a imagem da mãe de Cosette vindo
buscá-lo, dizendo que ele fez o bem, que irá agora para um lugar sem sofrimento
(a igreja vibra de novo). Antes de partir, ele deixa um bilhete de explicação à
Cosette, enfim.
Imagens dos sonhos com o amanhã, dos
jovens revolucionários ainda vivos aparecem, mostrando que há esperança, que há futuro. A música é
vibrante, dizem a frase “Que o vinho da amizade nunca seque”. Eu choro de me
acabar.
Li muito rápido “A ilha sob o mar”, meu primeiro livro (isso é lamentável, D. Rita) de Isabel Allende. Não conseguia largá-lo. Amei, por vários motivos: muito bem escrito, história interessante, fatos históricos que na minha ignorância eu desconhecia e, sobretudo, a visão da injustiça abissal que foi a escravidão.
Ora, me dirão vocês, descobriu a pólvora agora? Não, claro que não, porém o livro contribuiu para que eu pudesse ver com olhos mais sensíveis os absurdos que aconteciam no pensamento e comportamento ditos humanos antes da libertação e, ainda, como os ranços desse sistema permanecem e são, com licença da má palavra, tão escrotos até os nossos dias.
Acho muito importante falar sobre isso porque é uma reflexão que nem a escola e seus livros ‘didáticos’ nem as novelas de época nos ajudaram a fazer. Sempre se tratou a escravidão como um erro, um fato histórico lamentável, os mais progressistas davam a visão mercadológica, do interesse econômico sempre por trás de tudo, mas sem ênfase nos horrores cometidos contra o ser humano. E isso é fundamental porque é o que nos faz sentir a revolta, o estômago embrulhado e, portanto, não coadunar mais com qualquer tipo de preconceito.
Deixo com vocês uma das poesias que fiz ao terminar a leitura.