sábado, 23 de fevereiro de 2013

E o Oscar vai para ...



Amor, produção Áustria/França/Alemanha, é indicado ao Oscar de Melhor filme estrangeiro. Se quiser ver, vá naquele horário em que você não sente sono. Eu gostei muito da representação da atriz principal e da temática. Ponto.

Você já leu Homem comum, do Philiph Roth? É deprê e vagaroso igual, mas falemos da parte boa. O filme é sensível. A mulher octagenária sofreu dois AVCs e está muito mal. Perdeu todos os movimentos, precisa ser alimentada na boca, com colherinha e canudinho, usa fraldas, geme de dor, solta uns sons mal formulados. É cuidada em casa por seu marido, também octagenário, que depois contrata duas enfermeiras que se revezam em alguns horários, mas não cobrem o tempo todo. A filha é meio distante, não apenas pelo fato de morar longe, mas só aparece raramente. O homem e a mulher sofrem, sofrem bastante. 

Paro por aqui quanto ao filme, mas para mim seu maior mérito está em reacender o debate em torno da morte assistida. Aliás, semana passada saiu matéria a respeito no jornal (link abaixo). Diz lá que há cerca de três mil casos de eutanásia ilegais na França por ano.

Eu sou francamente favorável à morte, à decisão de morrer, quer através de morte assistida ou simples suicídio da pessoa que deseja abreviar sua vida, caso ela tenha condições para tal. A vida é um presente, é uma benção, enquanto temos saúde para o básico. Viver com um pouco de dor é tolerável, mas viver o tempo todo vegetando, sem o que chamamos qualidade de vida, ah isso eu não quero pra mim e nem para os que amo. 

Acredito ainda que há outras razões para morrer. Não conseguir ser feliz, viver sem tesão, sem gosto, desde que você não esteja doente, depressiva, se realmente essa aqui não é a sua praia, acho que é seu direito se retirar. Será triste e lamentável para os que gostam de você.

Lógico, muitos pensam diferente. Há as questões religiosas, a ideia do pecado etc, mas acho que a soberania da decisão cabe a quem sabe o quanto lhe custa viver. Você não concorda? Que bom, temos mais gente no mundo. O que seria do verde se todos gostassem do amarelo?

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4 comentários:

  1. Oi, Rita, boa noite! Eu trouxe um artigo bem legal para fazer paradoxo, gosto disso e você nos dá abertura ao diálogo. Vale a pena conferir!

    Beijos! Sonia Salim

    http://assimcomovoce.blogfolha.uol.com.br/2013/02/26/as-vidas-na-uti/

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    1. Salve, Sonia. Vi o link e concordo. Muitas vezes as UTIs reabilitam pessoas em estado grave. Outras vezes não há salvação e o que se faz é prolongar a vida. Acho que isso também é válido, desde que o paciente tenha qualidade nessa vida restante. Se for com grande sofrimento, aí penso que não vale à pena.

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  2. Vim aqui e vi que o meu comentário ou não foi aprovado ou perdi tudo mais uma vez. Vou dar uma resumida no que postei.
    Eutanasia - sim desde que seja uma decisão minha ou de quem confio e me conhece, dessas pessoas que a gente fecha os olhos e se deixa ser guiada, rarissimas na minha vida, mas pelo menos existem.
    Tinha falado também sobre eugenia, mas agora não dá. Acho melhor a Rita começar este assunto, o que o faz tão lindamente.

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    1. Rose, darling, foi o primeiro comentário seu que chegou nesse post. Eu aliás acho uma droga esse lance de 'moderação', mas infelizmente estavam postando várias coisas aqui como spam, não tive outra solução. Sobre a eutanásia, concordo inteiramente com você. Aqui em casa de vez em quando, à propósito desse filme, por exemplo, discutimos o assunto e um sabe a opinião do outro, que aliás é a mesma. Sendo com sofrimento, esquece. Há uma hora de chegar e outra de partir, esticar a passagem até rasgar o tíquete não dá. Mas, é claro, se não estivermos em condições plenas de tomar essa decisão, apenas aquelas raras pessoas que podem nos guiar são autorizadas a fazê-lo. Não gosto de deixar essa decisão para os médicos, os critérios são outros, e por vezes até financeiros, então tem que ser quem amamos e confiamos cegamente. Sobre a eugenia, é um assunto fascinante e agora com a questão de 'escolher' DNA dos embriões, ficou ainda mais polêmico. Em breve farei um post sobre isso, aí você manda ver nos comentários. Beijos.

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