sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Reduzir o índice de violência contra a mulher depende da própria

Amanhã se comemora o 4ª aniversário da Lei Maria da Penha, que aumenta o rigor das punições das agressões contra a mulher quando ocorridas no âmbito doméstico ou familiar. Uma coisa boa, mas eu fico pensando: como é que tantas mulheres convivem com a violência quase diária de seus companheiros e continuam morando com eles? Que ausência de auto-estima é essa? O que justifica esse masoquismo?

Lembrei de uma empregada doméstica que tive e que faltou ao trabalho três vezes e na última me confidenciou que o marido batia nela. Mostrou as marcas roxas no peito, o ouvido dela inchado do tapão, o chute na barriga. Eu fiquei horrorizada, disse que ela tinha que denunciar o marido imediatamente e sair de casa, mas ela falou que gostava dele e que ele só fazia isso quando bebia. Foge a minha compreensão um amor assim. Contra essa cegueira e ignorância, não há lei que dê jeito, você não acha?

3 comentários:

  1. Muito bem levantada a questão. Daria para escrever um livro sobre o assunto. rsrsrs Não concordo que a redução da violência dependa da própria. Eu penso que esta responsabilidade é da sociedade.
    A Lei Maria da Penha é uma forma da sociedade dizer não à violencia à mulher e cabe às mães e também pais educarem crianças moralmente.
    A autoestima passa pela educação, carinho e generosidade dos mais próximos e é muito difícil sua construção.
    Penso que o que vem antes da violência física é a violência psicológica que é tão ou talvez mais danosa do que a violência física pois as marcas causadas por este tipo de violência não ficam exposta aos olhos, só são percebidas pelo coração.
    A construção da autoestima não é um caminho fácil quando se faz sozinho. Os parentes, os amigos, os parceiros, os mais próximos podem nos ajudar nos incentivando e isso não significa concordar com a gente o tempo todo. Encontrar no olhar do outro a aceitação mesmo quando a gente não corresponde ao que esperam da gente é muito importante.
    Esta violência é muito mais frequente do que se pode imaginar, agora se chama bullying e tem um monte de gente ganhando dinheiro
    Deveria estar escrito nos contratos de casamento a proibição de bullying que causam tantos transtornos psicológicos.
    Acho que a violência começa por aí, ninguém entra num casamento já tomando pancada, a coisa deve ir crescendo aos poucos e à medida que as atitudes se tornam permissivas se parte para pancadaria. Nelson Rodrigues já dizia que tem mulher que gosta de apanhar e eu concordo com ele, apesar de não gostar e não aceitar.
    Eu cresci num lar sem pancadaria, meus pais não se batiam e não me lembro de ter apanhado, mas lembro que meu pai chamava minha mãe de burra e até hoje ela tem este estigma, aos 71 anos é muito comum ela se autointitular "eu sou burra" e meu pai amava muito minha mãe e já morreu há 27 anos, o que significa que as coisas que ele falava no passado ainda estão vivas para minha mãe.
    Então eu penso que esta é a pior forma de violência, uma cicatriz que não fecha nunca.
    As pessoas têm formas diversas de amar e elas irão amar como aprenderam dentro de casa.

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  2. Sinceramente essa história é muito mais complexa do que possa parecer... Estou falando psicologicamente. Existem "any" fatores que levam uma mulher a aguentar esse tipo de comportamento inadmissível! Uma delas é algum sentimento de culpa que ela possa carregar dentro de si, de algum acontecimento do passado mal resolvido... As vezes na infância mesmo. Claro que mulheres sem nenhuma espécie de traumas ou bagagens desagradáveis em sua vida normalmente não suportam esse tipo de atitude.
    E sinceramente, as que suportam por questões financeiras merecem tudo que recebem!! Acho que seria prostituta(pelo menos escolheria pra quem dar!), em último caso, mas não aguentaria isso! Um fator é: Ter consciência dos seus traumas(ou no mínimo que alguma coisa está errada consigo)e procurar ajuda.
    E o fator primordial é: Amar-se primeiramente a si mesma... Quem se ama não permite isso.

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