sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Nota de rodapé – sem ‘spoiler’



Um dos melhores filmes que já vi.  M a r a v i l h o s o , me tocou fundo, rendeu uma conversa ótima no barzinho ao final e reflexões posteriores. Marcante, bem feito, ritmo certo, tensão o tempo todo. Musicalidade compondo a trama. Realmente valeu o ingresso.

O filme é israelense e é falado em hebraico, o que foi uma benção. Esse filme em inglês, francês, espanhol ou italiano seria um fracasso. É preciso a força do idioma. Se não fosse o hebraico, tinha que ser o russo, alemão, polonês ou húngaro. Algo assim, forte e determinado como os protagonistas. Nota de rodapé concorreu ao Oscar de melhor filme estrangeiro de 2012.

Fui ver porque aprecio produções não americanas (algumas americanas eu gosto também, gente, mas não aceito essa massificação que eles querem empurrar. Viva a diversidade!) e a sinopse me chamou a atenção. Dizia assim: pai e filho são professores excêntricos que dedicaram suas vidas ao estudo do Talmude. Enquanto o mais velho não gosta do mundo acadêmico e jamais foi reconhecido pelo seu trabalho, o mais novo é uma estrela em ascensão que gosta de ser reconhecido e bajulado. 106 minutos.


Não é nada disso, esse povo vê outro filme, não é possível. A parte dos 106 minutos deve estar correta, não cronometrei, mas o tempo passa rápido mesmo. Pai e filho são professores sim, sendo que o filho faz sucesso, é reconhecido, alegre, de bem com a vida. O pai, ao contrário, é sisudo o tempo inteiro, maldiz o prêmio israelense, tipo um nobel de lá, sendo que há 20 anos se inscreve para o mesmo e nunca é agraciado. Sua relação com o filho é quase nenhuma e na cena inicial, que é o filho proferindo um ótimo discurso enaltecendo a função do professor, aplaudido de pé demoradamente pela plateia, o pai, presente, bate umas palminhas de nada e se senta. Sentiu o clima, né?

Pois bem, esse pai recebe um telefonema da ministra da educação em seu celular dizendo que esse ano ele era o ganhador do prêmio na categoria tal (algo sobre o Talmude, não me lembro). Ele fica quase mudo. Vai pra casa, passa a ser festejado, todos o cumprimentam, sai na imprensa, está pela primeira vez meio simpático. Aí, eis que o filho recebe um telefonema para comparecer a uma reunião de urgência no ministério, onde estão todos, o presidente e demais membros que votaram nos eleitos para o prêmio, um advogado, o representante da ministra da educação etc. Nessa reunião, lhe contam que houve um lamentável erro e na verdade o pai não ganhou o prêmio, e sim o filho. A secretária do ministério ligou para o celular errado, o telefonema vazou para a imprensa - já que não tinha havido ainda a divulgação oficial, e eles querem a ajuda do filho para contar do erro ao pai e agraciar, no lugar, ele, o filho.

O que vem a seguir é que é magistral. O discurso e argumentação do filho, do presidente do conselho votante, a atuação de ambos, a reação do pai, a entrevista que o pai concede à imprensa. Eu não vou contar mais nada porque vocês tem que ver esse filme. Aí depois a gente troca altos papos.

Ah sim, a questão da preocupação com a segurança em Israel perpassa todo o filme, cães, seguranças, equipamentos para verificar se você está armado, o que carrega em sua mala etc, em todo o canto. Me chamou a atenção a falta de sorrisos. Saudades do povo brasileiro.



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3 comentários:

  1. Obrigada pela ótima dica, Rita. Irei assistir ao 'Nota de Rodapé' em breve. Beijos!

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  2. Bastante interessante,Rita.Deu vontade de ver!
    Elô

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  3. Não vou dar conta...
    Tantas coisas interessantes que quero fazer...
    Já não consigo nem dar conta do virtual.
    Quando abro o FB de noite tem um monte de posts para ler.
    Estou perdida, porque nos clubes de literatura e da lua tem só o nr do lado com as postagens que não li e ficam foram de ordem.
    Mas vou tentar...

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